Após os desafios trazidos pela pandemia, e os bons resultados de 2021, a expectativa era promissora para o setor agropecuário brasileiro em 2022. Mas isso foi antes do presidente da Rússia, Vladimir Putin, invadir o território ucraniano. Em meio ao cenário de medo e incertezas, surge a grande preocupação: como a guerra na Ucrânia impacta o agronegócio brasileiro?
Primeiramente, é importante analisar alguns dados desses países. Juntas, Rússia e Ucrânia concentram 28% da produção mundial de trigo e 20% do milho. Somente a Rússia responde por 13% do mercado global de fertilizantes e 12% do de petróleo.
Além disso, a Rússia é o sexto país de quem o Brasil mais importa produtos, sendo os fertilizantes químicos o primeiro da lista. Apesar do receio, analistas indicam que, no curto prazo, a guerra na Ucrânia não impacta o agronegócio brasileiro fortemente, apesar de já ser registrada alta no preço dos fertilizantes.
Tudo deve depender das sanções impostas pelos outros países, como o conflito deve se desenrolar e, claro, o tempo que levará. Em uma perspectiva “otimista”, talvez o agro sinta os efeitos na próxima safra, o que deve incluir insumos mais caros, entre outros.
De acordo com um levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a pedido do CNN Brasil Business, os preços dos fertilizantes usados pelo agronegócio brasileiro aumentaram 5,8%, em uma semana após o início da guerra na Ucrânia. Segundo especialistas da CNN, o reajuste de preços não deve impactar fortemente esta safra, mas pode pesar na próxima.
Atualmente, o Brasil importa três tipos de fertilizantes da Rússia: fosfato monoamônico (MAP), potássio e ureia. A participação de cada um é, respectivamente, 50%, 30% e 20%. Ao todo, o Brasil importa em média US$ 5,7 bilhões em produtos da Rússia, sendo 65% em fertilizantes, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O preço não é a única problemática aqui. Desde 2021, o Brasil, assim como o resto do mundo, enfrenta grande dificuldade para comprar fertilizantes. Os principais motivos são a crise energética que afeta a Europa e China, as interrupções das cadeias globais por conta da pandemia, o controle de exportações de alguns países e as sanções contra Belarus.
O próprio encontro do presidente Jair Bolsonaro com Putin, poucos dias antes da guerra da Ucrânia, e a posição neutra do Brasil diante do conflito são consideradas estratégias para assegurar o fornecimento do insumo, tão relevante para a produção nacional.
Outro ponto que merece atenção dos players do agronegócio brasileiro, quanto à guerra na Ucrânia, é o preço do trigo e do milho. Consequentemente, dos produtos derivados, incluindo ração animal, o que deve provocar um efeito cascata, encarecendo o valor das carnes.
Hoje, a Ucrânia é o quarto maior exportador de milho do mundo. Somando a produção dos dois países em confronto, há o equivalente a 60 milhões de toneladas de trigo no mundo. A perspectiva é que um conflito duradouro impacte na produção e leve a uma crise em toda a Europa, que passa a buscar os grãos em outros países.
Por hora, não há notícias quanto a uma possível restrição ou desabastecimento por parte da Ucrânia ou Rússia. Entretanto, há um certo receio global já que a guerra na Ucrânia está acontecendo em regiões próximas de produtoras de milho e trigo, e abril é tradicionalmente a época que os produtores começam a semear o trigo.
Atualmente, o maior exportador de trigo para o Brasil é a Argentina, o que ajuda a manter valores mais controlados no curto prazo, mas uma possível crise na Europa pode mudar esse cenário. Além disso, há o fato que o mercado internacional tende a reagir imediatamente conforme as notícias da guerra na Ucrânia se intensificam.
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