O conflito entre Rússia e Ucrânia já dura mais de um mês e gera consequências que vão para muito além da fronteira entre os dois países. Entre elas, o impacto da guerra no agronegócio brasileiro é uma das preocupações do setor, que vive um período de incertezas nas importações.
Sendo um país que faz negócios para os mais diversos locais, o Brasil acompanha de perto a movimentação nas importações e exportações que foram afetadas desde o final de fevereiro.
A movimentação da “dinâmica do mercado” é acompanhada de perto por especialistas, que já começam a avaliar o impacto da guerra no agronegócio e como os produtores devem atuar para minimizar os problemas e até mesmo encontrar novas oportunidades em um momento tão atípico.
Quarto maior importador de fertilizantes do mundo, o Brasil tem uma atenção especial ao que está acontecendo no leste europeu e avalia o impacto da guerra no agronegócio. Segundo a avaliação de Marcos Montes, novo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o momento é preocupante e que a segurança alimentar mundial está em risco.
Ele foi além e reforçou o desejo pelo fim do confronto entre russos e ucranianos e mencionou que as consequências não são sentidas apenas por aqui. “Isso não vai prejudicar o agro brasileiro. Vai prejudicar o mundo e já está prejudicando. É uma preocupação enorme para gente poder ter, sem dúvida alguma” disse Montes em entrevista ao MG1.
A preocupação pode ser percebida principalmente na aquisição de fertilizantes, pois 85% do total usado nas lavouras nacionais são importados – muitos deles vindo justamente das regiões em guerra. Apenas a Rússia é responsável por 23% desta demanda, que agora teme pelos próximos meses.
As principais preocupações do impacto da guerra no agronegócio são para a próxima safra, que terá início em outubro. A falta de importados como fósforo, hidrogênio e potássio acende o sinal de alerta e faz com que os agricultores sejam obrigados a encontrar soluções que ajudem a contornar a ausência momentânea de fertilizantes.
Para se ter uma real noção do quadro atual, os preços da uréia, fosfato e potássio já subiram entre 30% a 40%desde o início dos ataques no final de fevereiro. Um dos motivos é a orientação vinda de Moscou, que pediu para que os produtores russos de fertilizantes interrompessem as vendas para o mercado externo.
Para combater essa dependência do que vem de fora, e amenizar um possível colapso no setor, o Governo Federal lançou no mês de março o Plano Nacional de Fertilizantes. Ele contém 28 medidas que visam reduzir a importação de insumos e estimular a produção brasileira. A expectativa é que essa medida ajuda a minimizar os impactos da guerra no agronegócio.
A ideia é que até 2050 a dependência de fertilizantes do exterior caia para 45%, ainda que o mercado interno aumente a demanda. No curto prazo, o governo também está agindo para garantir o adubo necessário para o plantio da safra 2022/2023, que começa no segundo semestre. Outros países como Canadá, irã e Países árabes já sinalizaram que podem aumentar os volumes destinados ao Brasil.
Como era de se esperar, o custo de diversos itens deve subir em algumas categorias de produtos. Um dos exemplos é a importação de trigo, que vai fazer com que massas e demais alimentos fiquem mais caros em breve – algo que será repassado também para o consumidor final.
Até mesmo a tradicional cerveja poderá ficar mais amarga – e cara – para o brasileiro. Isso acontece, pois Rússia e Ucrânia são responsáveis por 28% das exportações globais de cevada e os russos são também grandes produtores de malte para a indústria mundial, dois dos ingredientes usados para fabricar a bebida tão popular.
Com a guerra, os preços deles sobem e consequentemente a produção nacional passa a cobrar mais caro dos amantes de cerveja no Brasil. Ou seja, o impacto da guerra no agronegócio se estende também ao dia a dia dos brasileiros.
Isso, é claro, será sentido por diversos setores da economia e diretamente no agronegócio. O aumento do valor determinados ingredientes encarece a cadeia de produção e dificilmente passaremos os próximos meses sem novos reajustes.
Os conflitos e as possíveis soluções ainda podem demorar um pouco e é preciso acompanhar de perto todos os movimentos para saber o impacto da guerra no agronegócio. Para não perder nenhum detalhe, assine a nossa newsletter e receba todas as novidades e notícias mais importantes em primeira mão.
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