O ano de 2022 começou com várias incógnitas para o agronegócio. A seca no sul do país em 2021 foi a principal responsável por esse cenário incerto. De fato, existiram eventos climáticos adversos. Sem falar em outros fatores externos, como a aceleração no preço dos insumos e a guerra entre Ucrânia e Rússia, que impactou o custo dos fertilizantes.
Mas, apesar desse cenário, o setor mostrou que segue aquecido e ainda apresentou crescimento em vários pontos. Na sequência, vamos fazer uma retrospectiva do agronegócio em 2022 para te mostrar como o setor se comportou nos aspectos econômico, safras e também na venda de máquinas agrícolas.
Economia
O primeiro tópico dessa nossa retrospectiva do agronegócio em 2022 não poderia ser outro. Afinal, o setor se mostrou forte no que diz respeito à economia. Prova disso são os mais de US$15 bilhões que as exportações do agronegócio acumularam somente nos primeiros meses do ano. Esses dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mostram que houve um aumento de 14,2%, em comparação ao mesmo período de 2021.
O Índice de Confiança do Agronegócio, avaliado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também apresentou resultados positivos. Afinal, já no primeiro trimestre de 2022, ele foi concluído com uma alta de 116,3 pontos. Isso significa um aumento de 6,1 pontos em relação ao levantamento anterior e 5,4 pontos em relação ao primeiro trimestre de 2021.
Porém, no que diz respeito à balança comercial de manufatura, o cenário não foi tão positivo. Inclusive, segundo projeções da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a indústria nacional deve finalizar 2022 com o maior déficit da história, com um saldo negativo de US$125 bilhões. Isso ocorreu especialmente devido à desindustrialização, à baixa competitividade da indústria nacional e a diferença entre as importações e exportações.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia, as exportações nacionais cresceram 19,1% entre janeiro e outubro de 2022, em comparação com o ano anterior. Isso resultou em uma soma de US$281 bilhões. Em contrapartida, as importações cresceram 29,3% no mesmo período, em comparação com 2021, acumulando US$229,3 bilhões. Enquanto isso, a quantidade de produtos desembarcados avançou apenas 4,4%.
Safras
Outro ponto que não poderia ficar de fora da nossa retrospectiva do agronegócio em 2022 são as safras. Como dissemos no início do texto, a seca na região sul afetou as lavouras no ano passado. Com isso, as projeções para a safra 2021/2022 foram baixas. No início do ano, a expectativa era de uma produção de 284,4 milhões de toneladas. Esse volume realmente é 12,5% maior do que o obtido no ciclo anterior. Porém, a expectativa foi baixa se comparada à realizada no início de 2021, que era de 291,21 milhões de toneladas.
Mas o que de fato aconteceu? De forma resumida, podemos dizer que a produção ficou mais cara em 2022, mas os lucros ainda foram obtidos em boa parte das atividades agropecuárias. A demanda externa pelos grãos está elevada. Porém, existem dificuldades para a reposição dos estoques em todo o mundo. Isso se deve especialmente à guerra entre Rússia e Ucrânia, que mantiveram o preço das commodities em alta.
No geral, podemos dizer que a cultura de soja foi a que mais se destacou, como você pode perceber a seguir:
- Soja: a cultura teve um custo operacional 35% maior em 2022 e apresentou queda de 8,3% na receita bruta, em comparação com o ciclo anterior, quando o custo foi menor e a receita maior. Em contrapartida, o preço médio da soja aumentou 38% e, mesmo com a queda na produtividade, a receita média bruta subiu 17,8%.
- Milho: o milho apresentou alta de 31,1% no custo médio na safra de verão e 56,7% na do inverno. Já a receita bruta caiu 7%.
- Café: no ciclo 2021/2022, os preços do café subiram 42%. Em contrapartida, os custos dessa cultura subiram 63%. Os fertilizantes tiveram grande influência neste quesito, sendo responsáveis por 35% dos custos efetivos. Já a mão-de-obra foi responsável pelos outros 28%.
- Arroz: essa cultura apresentou alta de 20,3% nos custos operacionais e queda de 19% nas receitas brutas.
- Feijão: seguindo a mesma tendência do arroz, o feijão teve um aumento de 31,3% nos custos das duas primeiras safras e ainda apresentou recuo de 44,5% na receita bruta.
- Trigo: essa cultura teve safra recorde e preços em alta. Com isso, obteve uma margem bruta positiva em todas as regiões avaliadas. Em contrapartida, o custo médio da produção foi de 34%, reduzindo o lucro líquido dos produtores.
Vendas de maquinário agrícola
Para finalizar a nossa retrospectiva do agronegócio em 2022, não poderíamos deixar de citar as vendas de máquinas agrícolas. De acordo com a Anfavea, entidade que representa as montadoras de veículos e os fabricantes de tratores agrícolas, as vendas de máquinas agrícolas cresceram 26,5% nos primeiros 7 meses de 2022.
Foram 37,2 mil tratores e colheitadeiras vendidas, resultando em um aumento de 21,3%. Foram 5,61 mil unidades comercializadas apenas em julho, mostrando um crescimento de 8% no comparativo entre os anos. Porém, não podemos deixar de citar que, na margem, houve um recuo de 5,5%.
Você acaba de conferir nossa retrospectiva do agronegócio em 2022. E se deseja acompanhar todas as principais notícias do mercado, inscreva-se na newsletter da Campos Dealer.